Pai

Quando os Apóstolos pediram a Jesus que lhes ensinasse rezar como João ensinara aos seus, ele lhes falou: “Quando rezardes, dizei: Pai, santificado seja vosso nome…”(cf. Lc. 11,1-2). São Mateus, igualmente, depois de ministrar o ensinamento de Jesus de abrir o coração na simplicidade, nos fala para o chamarmos com o doce nome de Pai e na alegria pedirmos o pão de cada dia para nós todos que aprendemos a perdoar nossos irmãos. E João, narrando os acontecimentos da ceia derradeira, conservou-nos o texto da oração sacerdotal de Cristo, em que coloca-nos na intimidade do mistério do amor do Pai (cf. Jo. 17,6-26).

A decadência dos valores na sociedade hodierna, quando o casamento está a perder o sentido de uma instituição em que se realizam os ideais humanos do amor, para se transformar num contrato de validade efêmera que se faz e desfaz conforme a orientação dos ventos, qual biruta dos aeroportos, faz-nos perder a noção de família, onde o Pai e a Mãe são esteios não só da transmissão da vida, mas também da cultura e da fé.

Neste ambiente novo, há necessidade de se lembrar, ao menos uma vez ao ano, a paternidade e a maternidade. E, como não pode estar ausente o comércio e o lazer, que sejam dias diversos, separados. E quanta vez os dois, pai e mãe, já estão de fato separados, formando outros pares que têm a duração da emoção.

A paternidade a maternidade nos fazem pensar, como filhos, no quanto devemos a eles, a nossa existência e também o seu amor, pois, o vínculo da filiação sobrevive em nossos corações.

Da mesma forma deve lembrar-lhes, ao pai e à mãe, a dignidade a que foram chamados de participantes da obra da criação e, pela formação a que se dedicarem a dar aos filhos, da restauração da humanidade na graça.

No Livro do Eclesiástico, o autor inspirado pelo Espírito Santo, no capítulo 3, coloca-nos no verdadeiro espírito deste dia. Logo no início, diz que Deus glorifica o pai nos filhos e confirma a autoridade da mãe sobre eles. Verdadeiramente, buscando uma vida digna, nós glorificamos nossos pais e, honrando-os, teremos a alegria no coração e a certeza da bênção divina.

“Honra teu pai com ações e palavra” (v. 9). No Dia dos Pais, vê-se por toda a parte um corre-corre para levar-lhes um presente e um cumprimento como se com isso se justificasse, num só dia, nossa obrigação de filhos. O respeito e amor deve ser de todos os dias, mesmo após a sua morte, traduzido por uma vida digna do seu nome.

Há pais que ficam a sós neste Dia, como em todos os dias. Filhos que os abandonaram perdendo-se na vida, esquecendo-se de suas lições, de seus conselhos e de seu amor. Os pais anseiam, como o pai do filho pródigo do Evangelho por sua volta, quando esquecida e perdoada a sua falta, querem abraçá-los e vê-los felizes ao seu redor.

Há ainda aqueles que não podem mais nem sonhar com a volta de seus filhos, porque a morte, sobretudo a morte violenta do tráfego, das noitadas e das drogas os tirou para sempre do seu convívio, só restando a esperança na misericórdia de Deus.

Como cristãos, nosso coração tem de achegar até eles e trazer-lhes o conforto e a esperança que a fé pode dar. Neste contexto, relembrando a palavra dos bispos iluminados em Aparecida, sob o olhar materno de Maria, que abençoa a todos os pais nos exortando: “O homem, a partir de sua especificidade, é chamado pelo Deus da vida a ocupar lugar original e necessário na construção da sociedade, na geração da cultura e na realização da história. Profundamente motivados pela bela realidade do amor que tem sua fonte em Jesus Cristo, o homem se sente fortemente convidado a formar uma família. Aí, na essencial disposição de reciprocidade e complementaridade, vivem e valorizam, para a plenitude de sua vida, a ativa e insubstituível riqueza da contribuição da mulher, que lhes permite reconhecer mais nitidamente sua própria identidade”(Cf. DA 459).

O Dia do Pai, como o Dia da Mãe, assume nesse contexto a sua real dimensão. O que deve ser uma constante no dia-a-dia da nossa vida familiar deve ser sublimado neste dia transbordando de carinho e gratidão. Assim vale a pena celebrar o Dia dos Pais. Por isso quero abençoar a todos os pais de nossa amada Arquidiocese de Juiz de Fora, convocando-os para que nunca renunciem ao grave chamado da Igreja, que me nome de Cristo, nos pede que sejamos educadores de nossos filhos para que todos possamos viver o discipulado e a missão de Jesus Cristo para que o mundo creia.

Receba, caríssimo pai, o meu afeto pessoal e a minha paternal bênção EM NOME DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO, AMÉM!

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora (MG)

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